quarta-feira, julho 20, 2005

A gravidez e o aborto – temas da nossa actualidade


É impossível ficar indiferente a estes dois assuntos tão discutidos hoje em dia na nossa sociedade.
O aborto é um acto que deve ser evitado a todo o custo, assim como uma gravidez quando esta não é desejada. O problema da gravidez indesejada e do aborto não é um problema exclusivamente feminino, porque uma gravidez afecta sempre duas pessoas, e tanto uma gravidez como um aborto devem ser assuntos pensados e realizados a dois, devem ser assuntos discutidos e ponderados, bem analisados e decididos, para não haverem erros.
O aborto ainda não foi legalizado em Portugal. Eu sou a favor do aborto, apesar de saber que é uma coisa horrível e de saber que qualquer pessoa sabe como evitar uma gravidez com métodos contraceptivos. O problema é que muita gente pensa (não pensamos todos?) que este tipo de problemas só acontece aos outros, que a nós nunca nos vai acontecer… o pior é quando nós nos tornamos nos tais “outros”…
Uma gravidez pode ser evitada com muito mais do que métodos contraceptivos. Tudo começa em casa, com os pais. O simples facto de os pais falarem com os filhos e lhes esclarecerem as dúvidas ajuda muito. Depois temos a questão da informação… hoje em dia só não está informado quem não quer. A falta de informação torna-se cada vez mais uma desculpa que não é aceitável para justificar uma gravidez indesejada. Por outro lado, a educação sexual nas escolas seria uma grande ajuda… não fosse o facto de as pessoas terem vergonha de falar sobre sexo, principalmente a adolescentes.
Nota-se então, que o principal problema para haver tantos casos deste género em Portugal, é o facto de o sexo ainda ser um tabu. Muita gente não consegue falar de sexo, e consideram que quem fala abertamente acerca de assuntos que são importantes e que marcam o futuro de muita gente, e de certa forma, do mundo, são pessoas estranhas.
Os pais não falam com os filhos, não lhes conhecem as vidas… os adolescentes tendem a informarem-se no meio onde se sentem mais à vontade: o grupo de amigos. Amigos que muitas vezes sabem tanto ou menos… amigos que têm as mesmas dúvidas e preocupações e ninguém que os ajude a esclarecerem-se. Quando as filhas aparecem em casa grávidas ou doentes, os pais estranham, acham que não é possível e responsabilizam o adolescente por uma coisa que podia ter sido evitada primariamente por eles.

Sou a favor do aborto, acho que devia ser legalizado. Não sei se seria capaz de fazer um… mas acho completamente inaceitável que existam raparigas que escondem de toda a gente que estão grávidas, raparigas assustadas e desesperadas que se submetem a tentativas perigosas, para elas e para o bebé, de abortar. Raparigas que sofrem em silêncio, que escondem dos pais e do mundo que estão grávidas para se desfazerem da criança assim que ela nasce.
Eu tenho as minhas razões para achar que o aborto devia ser legalizado, assim como quem é contra o aborto tem as suas. E também digo que compreendo perfeitamente as razões para quererem condenar uma prática tão cruel e desumana como o aborto. Mas eu pergunto: será que não é preferível uma pessoa que não tem condições de ter uma criança, fazer um aborto e poupar a criança do sofrimento? Poupar a criança de passar fome, frio… há tantos pais que abandonam os filhos. As casas para crianças abandonadas estão cheias, os processos de adopção levam anos… há crianças que sofrem nas mãos dos pais, que são espancadas, que são abusadas, mortas… crianças que sofrem e que ficam com marcas do seu sofrimento a vida toda… crianças que quando crescem se tornam pessoas amargas e más. Não era preferível evitar isso? Evitar o sofrimento todo que essas crianças passam? Evitar que vivam em lares até aos 18 anos e que depois não têm apoios para continuarem a estudar e tornam-se pessoas sem futuro. Pessoas sem vontade de viver, sem razões para viver. Pessoas que repetem os erros dos pais, pelas mesmas razões.

Este problema tornou-se um ciclo… o pai faz, o filho repete… não se encontram soluções à vista e a vida do mundo arrasta-se desta maneira lenta.

E não é um problema que se veja poucas vezes. Estou farta de ver amigas sofrer… porque tiveram que fazer um aborto, porque estão grávidas, sozinhas e não sabem como contar aos pais, porque tentam fazer abortos e não conseguem…

Acho que está na altura de mudar o mundo. Está na altura de alguém ajudar estas mulheres. Porque ser mãe solteira não é fácil, porque fazer um aborto não é nem física nem psicologicamente fácil, porque adoptar uma criança não é fácil e perder um filho muito menos. Mas principalmente, porque não está certo deixar as pessoas sofrerem. E temos o dever de ajudar como pudermos.

É uma questão para pensar.

1 Comments:

At 10 outubro, 2005 12:18, Blogger Postiga said...

Concordo inteiramente contigo. Sou a favor do aborto e da educação sexual nas escolas. E quanto mais cedo começar, melhor...

 

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