segunda-feira, novembro 13, 2006

Queria sentir-me jovem outra vez. Livre, leve e sem grandes preocupações. Não me interpretem mal quando digo que gostava de voltar a sentir-me jovem. Sou nova, o meu BI diz que tenho 25 anos, mas o meu coração pesa como se tivesse 60 ou mais...
Vou contar-vos de quem é a culpa: a culpa foi de um qualquer dia do início de Julho, em que estava tanto calor que ficar em casa era insuportável e andar na rua era impossível. A culpa foi dos 40ºC à sombra que se faziam sentir e que me obrigaram a entrar num café absolutamente ao acaso para comprar uma garrafa de água o mais gelada possível. A culpa foi do rapaz que estava atrás do balcão, que tinha uns olhos tão vastos que fariam inveja ao mundo. A culpa foi da minha insistência em aparecer naquele café todos os dias à mesma hora sempre com a mesma desculpa, e ainda da inteligência daquele homem que gostava de literatura tanto como eu.
Graças a Deus que lhe dei o meu número de telefone! E um Verão entediante tornou-se fresco à sombra de uma paixão mais quente do que o calor que o sol fazia questão de espalhar pela cidade. Mas nunca pensei que um amor se pudesse sobrepor a tudo o resto que existia na minha vida. E eramos felizes.
Mas as felicidades assim nunca duram tanto tempo quanto aquele que desejamos, vá-se lá saber porquê! Mas eu digo-vos de quem foi a culpa: a culpa foi daquela discussão estúpida que tivemos em Maio. A culpa foi da minha ideia parva de sair de casa para fugir das palavras dele. A culpa foi da estupidez dele em vir atrás de mim para me pedir desculpa e daquele cabrão que vinha distraído demais para reparar que o semáforo estava vermelho. E foi todo um rol de acontecimentos infelizes juntos: a ambulância que demorou uma eternidade a chegar, ele que parou de respirar e fechou os olhos cedo demais e não me deu tempo sequer de me despedir.
Depois disso poucas lembranças tenho dessa noite, ou dessa semana sequer. Às vezes tenho alguns flashbacks, outras vezes pesadelos e vem-me à memória o paramédico a tentar acalmar-me depois de me dizer que "infelizmente não há mais nada que possamos fazer", ou o padre a rezar pela sua alma no cemitério dos prazeres, amén!, os enjoos sucessivos e a tristeza profunda.
Passadas algumas semanas fui a casa dele buscar algumas coisas. Descobri uma caixinha de veludo azul em cima de dois bilhetes para o teatro para a noite do acidente e chorei. Hoje resolvi passar pelo médico antes de voltar a visitá-lo e descobri que afinal o homem da minha vida nao me deixou sozinha. É uma menina e tenho a certeza que vai ter os olhos do pai.

[Eu não gosto muito, mas como o maninho insistiu... here it is.]

2 Comments:

At 13 novembro, 2006 19:01, Anonymous Anónimo said...

E o maninho tinha razão pq o texto até tá girinho oh! Como te disse, faz-me lembrar um que escrevi. Mas tá uma história fofinha e tal. Tens de escrever a continuação, que os ultimos 2 periodos do texto pedem mais um episódio xD tipo o sonho que tive hoje em 3 partes :P

*dá muitos beijinhos e trincas a mana e volta pro msn pra falar com ela* xD

 
At 19 novembro, 2006 22:54, Blogger StupiDreamer said...

too fucked up.
e ela morreu de coração partido.
uma tragédia perfeita ;)

 

Enviar um comentário

<< Home