sexta-feira, janeiro 27, 2006

Poemas Inconjuntos


Se Depois de Eu Morrer


Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.


Alberto Caeiro

5 Comments:

At 27 janeiro, 2006 20:52, Anonymous Anónimo said...

eres bonita
cual es tu e-mail

 
At 27 janeiro, 2006 21:59, Blogger RS3 said...

Acho que já tinha lido esse no livro amarelo...É giro, mas eu sou mais Álvaro de Campos. ;P

 
At 28 janeiro, 2006 14:21, Anonymous Anónimo said...

Mais vale ser irracional do que racional, ver, sentir e fazer sem pensar... talves.. entao porque pensamos tanto? donde vêm os medos senão daí? e donde vêm os sonhos? de ver ou de pensar? pa quem nunca viu, só pode vir de um sitio; e quem diz que compreendeu isto com os olhos para distinguir coisas é porque afinal pensa, apreende isso..

 
At 30 janeiro, 2006 10:59, Blogger T. said...

sempre em alta este alberto caeiro...aliás como tds os pessoas =)

 
At 31 janeiro, 2006 11:28, Blogger Postiga said...

Simplicidade.

 

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