terça-feira, maio 29, 2007

I'm Glad There Is You


Said I many times, love is illusion,
A feeling result of confusion
With knowing smile and blasé sigh,
A cynical so and so am I

I feel so sure, so positive
So utterly unchangeably certain
Though I never was aware of loving you
'Til suddenly I realised there was love in you and oh...

In this world of ordinary people
Extraordinary people,
I’m glad there is you

In this world of overrated pleasures
And underrated treasures,
I’m glad there is you.

I live to love,
I love to live with you beside me
This role so new
I’ll muddle through with you
If you'll guide me through

In this world where many, many play at love
And hardly any stay in love,
I’m glad there is you

More than ever, I’m glad there is you

Said I many times, love is illusion...


Jamie Cullum - "I'm Glad There Is You", Catching Tales

[Hoje é p'ra ti ^^]

segunda-feira, maio 21, 2007

Parte II

Encostada à parede do chuveiro, deixou-se escorregar para o chão e ficou assim a sentir a água cair-lhe no corpo. Era uma sensação agradável, gostava de se sentir bem depois de voltar do trabalho. Agora tinha de se habituar à sua nova casa, à sua nova rotina.
Tinha decidido voltar a Lisboa depois de ter recebido a resposta que não esperava às cartas que tinha enviado às suas grandes amigas de outrora. Ao ler cada linha apercebeu-se que nada tinha morrido como pensava, os sentimentos continuavam intactos e as saudades preenchiam a distância que as separava. Então, pediu transferência para um hospital em Lisboa. Agora era tudo novo para ela. A casa, o trabalho, os colegas e até o gato que tinha encontrado perdido na rua e que agora lhe fazia companhia como o seu antigo antes de morrer. Já não havia lugar para tristezas, e apesar de os dias serem bastante atarefados com o trabalho de enfermeira, havia sempre tempo entre ela e as amigas para recordarem os velhos tempos. Só não havia tempo para a solidão na sua vida.
Já não se sentia velha nem cansada. Sentia-se feliz e radiante por estar de volta. O desgosto de ter sido trocada por um emprego numa ilha solarenga passou ao descobrir que o rapaz não valia nada do que ela pensava. E encontrou um novo amor, um amor que realmente valia a pena.
E apesar do pouco tempo que ainda lhe sobrava no meio destas novidades todas, arranjou coragem suficiente para realizar o sonho de abrir a tal loja, um cantinho no Bairro Alto, o cantinho com que tinham sonhado durante tantos anos.

Tiveram sucesso, foram felizes. Juntos viram-se crescer, a formarem famílias, a realizarem projectos. E foram amigas para sempre, felizes para sempre. Porque as amizades verdadeiras nunca se perdem realmente.

[Os outros não sabem, mas nós temos tudo para dar certo =)]

Costumava achar-te insensível, tinha medo de ti. Até descobrir que tal como eu, tal como toda a gente, tinhas um ponto fraco. Um ponto fraco chamado amor. Criavas essa armadura ao mundo por não quereres acreditar no amor, porque já o tinhas feito uma vez e tinhas sofrido demais. Então, para ti, o amor era um monstro, uma ilusão para patetas como eu, que sabias que não desistia do amor por nada, mesmo já tendo dado mais quedas do que queria.
E eu sempre fui demasiado sensível, nunca quis deixar de acreditar no amor e isso assustava-te. Assustava-te saber que aquilo que mais temias era precisamente o que dava forças a outra pessoa para seguir em frente sem se deixar abater. E não concebias a ideia de que mesmo com essa armadura que tentavas ter, eras uma pessoa tão exposta ao perigo de se apaixonar como qualquer outra.
E sem saber estávamos apaixonados um pelo outro, sem querer acreditar nem admitir que este sentimento que nos invadia nos podia aproximar tanto, quando o que mais queríamos era estar longe um do outro. Sem darmos conta, as palavras deixaram de ser suficientes para nos exprimirmos e nada mais havia a fazer.
A partir de então, a única coisa sensata que poderíamos fazer era sorrir um ao outro, e foi o que fizemos. E cada beijo foi mágico. E essa armadura era tão falsa como as palavras de amor que antes nos disseram. Hoje estamos juntos e felizes e já passou demasiado tempo para termos medo de voltar a deixar-nos cair, sabemos que isso não vai voltar a acontecer.